- Valter Nagelstein
Em tempos de coronavírus, o carrapato ou a vaca?
- O autor é vereador de Porto Alegre, ex-presidente da Câmara.
Como estamos vivendo tempos sombrios e inimaginados, tudo é novidade e o futuro, incertezas.
Lembram das consequências da greve dos camioneiros na economia brasileira?
Pois então, uma simples parada de 15 dias quase trouxe o país à bancarrota (e levamos quase dois anos para recuperar, se é que já recuperamos).
Diante desse cenário de iminente colapso econômico, vozes se levantam e dizem – usando o jargão gauchesco: – não podemos matar a vaca (economia) para eliminar o carrapato (COVID19).
Estes falam (inclusive um ex ministro de estado e médico) que a baixa mortalidade do vírus não justifica a parada do mundo. É um argumento, mas do ponto de vista ético difícil de sustentar.
Todavia, no médio prazo sabemos que terá que ser a inexorável escolha.
Outros dizem: já vi ex-falido e nunca vi ex-falecido…
Por hora a alternativa consensual no mundo é priorizar a vida em detrimento da economia – e forçar a parada total.
Quanto tempo? E o caos social? E saques? E as empresas quebrando, como ficam os planos de saúde? E as empresas quebrando, de onde virão empregos e impostos?
O cenário é apocalíptico, à la Mad Max (Deus nos livre).
O que a ciência indica (enquanto não vier uma cura) é que praticamente todos serão contagiados no médio prazo (seis meses a uma ano).
Diante desse cenário, à politica é apresentado o problema: a economia ou a vida?
O dilema, a escolha, para mim, diante da certeza da contaminação de um enorme número de pessoas é: ganhar tempo para fazer hospitais de campo e construir respiradores.
Daí, segue o jogo, retorna à vida.
Aceitar a doença como inevitável e ter a infraestrutura para enfrentá-la é a resposta ao dilema ético.
Tudo indica uma curva crescente da doença no mundo e nada impede uma recidiva na própria China.
Então, teremos que nos conformar com as fatalidades – e mandar a vaca pro pasto.
Ah, e sem querer uma guerra com a China… Mas que eles vão ter que melhorar a dieta, isso vão!