- Valter Nagelstein
Crédito para o ensino de qualidade
- O autor é vereador de Porto Alegre, ex-presidente da Câmara.
Escolher a escola onde matricular nossos filhos não é tarefa fácil. Além da grade curricular, questões como o quadro docente e sua formação e capacitação, além das instalações da instituição e sua classificação no ranking do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) são alguns itens que pais e mães deveriam levar em consideração. Contudo, infelizmente, essa é uma possibilidade restrita a quem pode pagar por uma escola particular. Às famílias pobres restam as escolas que têm vagas sobrando - o que faz com que o critério da qualidade do ensino fique em segundo plano. Mas e se essa realidade fosse diferente? Como seria se as crianças das escolas públicas recebessem recursos para estudar nas instituições particulares que quisessem?
No Brasil, a ideia soa inovadora, mas em países da América Latina, como o Chile, por exemplo, o modelo denominado como cheque-ensino ou voucher escolar já dura 40 anos e consiste na entrega de vales concedidos pelo Estado para os pais escolherem uma escola privada para seus filhos. Concebido pelo economista e professor americano Milton Friedman, o conceito também tem o apoio do presidente Donald Trump, que destina somente para o Estado de Indiana US$ 22 milhões em vouchers. Observando a realidade brasileira, especialmente a de Porto Alegre, acredito que essa política de educação exige sobretudo boa gestão, pois para que ela exista as escolas públicas também deverão se reinventar, especialmente no que diz respeito à evasão e à má qualidade do ensino, observadas nas últimas pesquisas.
Retomar as escolas públicas de turno integral e fomentar a existência de instituições técnicas focadas em novas tecnologias pode ser um caminho para a construção de um novo momento da educação no Brasil. Evidentemente que, como todo novo processo, o voucher escolar precisa ser testado, pois cada país tem suas peculiaridades, no entanto, vejo esse formato como uma medida impactante tanto para a reformulação do ensino e suas diretrizes como para a criação de um espaço onde haja uma competição saudável por excelência na educação. Ao final, quem ganha são as famílias, que terão liberdade de escolher a formação mais adequada para as crianças e jovens.